Inflação sobe e pode acelerar ajuste cambial na China
Geoff Dyer, Financial Times, de Pequim
Valor Econômico, 12/03/2010
Preços: Analistas esperam também alta dos juros para esfriar economia
A inflação na China aumentou em fevereiro para seu maior patamar em 16 meses e a produção industrial apresentou forte expansão, o que aumenta a pressão sobre o governo para considerar a elevação dos juros e a valorização do câmbio.
Os preços ao consumidor em fevereiro subiram 2,7% em relação ao mesmo período de 2009, após a alta de 1,5% registrada em janeiro, e ficaram próximos da meta de 3% que o primeiro-ministro do país, Wen Jiabao, fixou na semana passada em discurso no Congresso Nacional do Povo.
A produção industrial também se acelerou, expandindo-se 20,7% em janeiro e fevereiro, na comparação com o mesmo período de 2009, acima das previsões dos analistas e dos 18,5% registrados em dezembro. Os preços de fábrica aumentaram 5,4% em fevereiro, após a alta de 4,3% no mês anterior.
As acelerações da inflação e da produção industrial chegam na esteira de aumentos acima das previsões nas exportações em fevereiro e deverão agravar os receios de que a economia chinesa corre o risco de sobreaquecimento, como resultado das medidas de estímulo econômico introduzidas em 2009.
Os números mais recentes fortalecem os argumentos das autoridades que defendem medidas mais duras do governo para esfriar a economia. Ontem, no entanto, muitos representantes governamentais minimizaram o problema com a inflação, dizendo que fatores sazonais relacionados ao feriado do Ano Novo Lunar, em fevereiro, contribuíram para o aumento.
Zhou Xiaochuan, chefe do banco central chinês, afirmou que a elevação ficou dentro das expectativas. Sheng Laiyun, porta-voz da Agência Nacional de Estatísticas, disse que, até agora, a inflação dos preços ao consumidor ficou apenas entre "suave e moderada". "Até agora, não há sobreaquecimento na economia", acrescentou.
O governo adotou algumas medidas modestas para conter a economia, como os dois aumentos das exigências de reservas bancárias. O Ministério do Solo e Recursos elevou a entrada exigida nas compras de terras, de 30% a 50%.
As autoridades, contudo, mostram-se relutantes em elevar as taxas de juros, em parte, porque algumas acreditam que a recuperação real ainda poderia ser frágil. Também temem que, se a China elevar juros antes de outras grandes economias, poderia atrair uma onda de capitais especulativos.
No fim de semana, Zhou indicou mais perspectivas de um abandono, pela China, da política que na prática atrela o iuan ao dólar. Mas não deu sinais sobre quando isso seria feito.
Economistas independentes estão divididos sobre os riscos à economia. Dados recentes da inflação, exportações e preços residenciais "sugerem que a economia já está à beira do sobreaquecimento", disse o economista Liu Ligang, do ANZ.
Andy Rothman, da CLSA, em Xangai, contudo, afirmou que os dados sugeriram que as medidas de aperto progressivo do governo já estão funcionando. O investimento em ativos fixos, principal veículo de gastos do governo com os estímulos em 2009, agora estão retornando a níveis considerados "normais" para a economia chinesa, assim como os créditos bancários.
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