Wednesday, March 10, 2010

336) Problemas bancários ba China

País tem "trilhões" de yuans em crédito podre
Shelley Smith, Bloomberg
Valor Econômico, 09/02/2010

Os créditos de difícil recuperação na China chegaram "aos trilhões de yuans" devido a procedimentos ineficientes de concessão de crédito, disse um advogado especializado em falências.

"Nós trabalhamos estreitamente com a Sasac, a agência estatal reguladora das atividades das empresas estatais na China, e, francamente, já há literalmente trilhões e trilhões de yuans em empréstimos de difícil recuperação na China, e ninguém está fazendo nada a esse respeito", disse Neil McDonald, que atua no ramo de falências e reestruturações em Hong Kong em parceria com a firma de advocacia Lovells, numa conferência da Associação de Mercados de Empréstimo na Região da Ásia-Pacífico, ontem. "Em algum momento deverá ocorrer algum ajuste de contas para isso".

O governo da China está endurecendo os controles, inclusive elevando o compulsório dos bancos, para impedir que concessões de crédito recordes alimentem a inflação. O escritório da Comissão Reguladora do Setor Bancário na China (CBRC, na sigla em inglês) em Xangai alertou na sexta-feira que uma queda de 10% no valor dos imóveis poderia triplicar o número de empréstimos com parcelas em atraso na cidade. Liu Mingkang, presidente do conselho do CBRC, disse em janeiro que os empréstimos foram canalizados para especulação com ações e imóveis no ano passado, o que a China estava tomando providências para estancar.

Os bancos chineses emitiram um recorde de 9,6 trilhões de yuan (US$ 1,6 trilhão) em novos empréstimos no ano passado, como parte de um pacote de estímulo de 4 trilhões de yuan destinado a apoiar o crescimento do país durante a crise financeira mundial.

"Em algum momento na China, talvez em dois, três ou cinco anos, mas em algum momento ocorrerá nos mercados imobiliários e nos mercados em geral uma racionalização de práticas de concessão de empréstimos muito ineficientes", disse McDonald, durante um painel de discussão sobre reestruturação e refinanciamento na Cúpula Global de Mercados de Empréstimos em Hong Kong.

Ao longo da década passada o governo da China gastou mais de US$ 650 bilhões socorrendo bancos estatais, depois que anos de concessões de empréstimos direcionados pelo governo provocaram um inchaço nos empréstimos ruins. O índice mediano de créditos irrecuperáveis no Industrial & Commercial Bank of China, no China Construction Bank e no Bank of China caiu para aproximadamente 1,6% desde 30 de setembro, ante mais de 20%, antes de cada um desses bancos ter sido socorrido, de acordo com demonstrações de rendimentos.

Os novos empréstimos no ano passado ajudaram a provocar uma expansão imobiliária chinesa, sendo que os preços em 70 cidades em dezembro cresceram no ritmo mais acelerado em 18 meses.

Se os preços dos imóveis caírem 10% em Xangai, o segundo mercado imobiliário mais caro da China, o índice de créditos imobiliários inadimplentes dos bancos da cidade poderá quase triplicar, para 1,18%, de acordo com a agência do CBRC em Xangai na sexta-feira, que citou um teste de estresse baseado em estatísticas de 30 de setembro. Uma queda de 30% poderia levar a um salto de quase cinco vezes no índice, disse a agência.

A firma de classificação de crédito Fitch Ratings disse em 17 de dezembro que a solidez do capital dos bancos chineses provavelmente está mais "estremecida" do que aparenta, à medida que as instituições de crédito recorrem a mais transações fora do balanço patrimonial para dar espaço aos empréstimos.

Esta foi a primeira vez em que o CBRC divulgou estimativas sobre quanto uma recessão no mercado imobiliário em Xangai poderia afetar os bancos, realçando a preocupação do governo, de que a especulação imobiliária possa estimular as dívidas ruins.

O órgão regulador reiterou que os bancos devem monitorar os créditos imobiliários mais estreitamente e coibir a concessão de empréstimos a incorporadoras com capital inadequado.

A Comissão de Supervisão e Administração de Ativos Estatais supervisiona e administra os ativos pertencentes ao Estado.

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