Xi Jinping, o futuro presidente da China
Atual vice-presidente da China, o político pró-mercado Xi Jinping foi alçado ao posto de vice-presidente da Comissão Central Militar, uma indicação de que vai substituir Hu Jintao em 2012
As reformas das últimas três décadas transformaram a China socialista na segunda maior economia do mundo, mas a adoção do capitalismo não transformou o ambiente político do país asiático. Na política, ainda valem as tradições do Partido Comunista da China e, nesta segunda-feira (18), ficou claro o nome do sucessor de Hu Jintao como secretário-geral do PCC e presidente da China. A partir de 2012, o país deve ser chefiado por Xi Jinping.
A notícia que deixou clara a linha sucessória foi divulgada pela imprensa estatal do país. Durante o congresso anual do partido, encerrado no domingo (17), Xi Jinping foi alçado ao posto de vice-presidente da Comissão Central Militar, um cargo que tradicionalmente é ocupado pelo futuro secretário-geral do partido. Esse foi o último estágio pelo qual Hu Jintao passou antes de substituir Jiang Zemin, em 2003.
Xi é atualmente vice-presidente da China e um dos integrantes do famigerado Politburo do Partido Comunista Chinês, um comitê decisório que é, de fato, o responsável pelos rumos do país. Em 2007, quando foi eleito integrante do Politburo, Xi teve a companhia de Li Keqiang, atual vice-presidente executivo da China, visto como seu principal concorrente. A escolha de Xi para a Comissão Central Militar era esperada para 2009, mas como não foi anunciada na época, surgiram dúvidas a respeito da disputa entre os dois. Com a nomeação feita neste ano, parece claro que Xi entrará no lugar de Hu Jintao quando o mandato deste acabar, em 2012.
Novo líder é pró-mercado
A escolha de Xi Jinping significa que a China deve continuar no rumo pró-mercado que percorreu nos últimos anos. Em 2007, a revista Foreign Policy publicou uma análise de Xi e Li e mostrou que o primeiro é o candidato dos empresários e da classe média e que, nas províncias que administrou – Zhejiang e Xangai – fez um governo marcado pela promoção da iniciativa privada. De acordo com essa análise, Xi fará, se for confirmado como novo chefe do partido e da nação, um governo que promova a liberalização da economia, o crescimento rápido e a integração da China na economia mundial.
O perfil de Xi vai ao encontro das diretrizes que o Partido Comunista divulgou para o 12º Plano Quinquenal (2011-2015), que incluem a “participação ativa” na governança da economia global e a abertura econômica.
Ao site do canal de TV americano Bloomberg, o professor de história da Universidade da China em Hong Kong Willy Wo-Lap Lam afirmou que, segundo a tradição do partido, “Xi Jinping, como próximo secretário-geral, deve ser capaz de lidar com a comissão militar por dois anos antes da troca de poder”. Isso não deve ser uma dificuldade para Xi, que tem contatos militares por ter sido assessor do Ministério da Defesa.
Disputa interna
Xi faz parte de um grupo político conhecido como princelings (principezinhos, na tradução literal), por incluir filhos de figuras importantes do PCC. Xi Jinping é filho de Xi Zhongxun, ex-membro do Politburo nos anos 1980.
Com a ascensão de Xi, Li Keqiang, seu concorrente, deve ser o próximo primeiro-ministro da China, em substituição a Wen Jiabao. Li é um político de origem bem diferente da de Xi Jinping. Ele vem de uma família humilde, foi fazendeiro e chegou ao topo do comando do partido por meio da Liga da Juventude Comunista, um grupo de grande força política do qual também fez parte Hu Jintao.
Segundo a análise da Foreign Policy, ao optar por Xi, Hu Jintao evita críticas de que estaria favorecendo a Juventude Comunista, divisões entre este grupo e o dos principezinhos, entre as regiões costeiras – mais desenvolvidas – e o interior do país, e entre os setores mais favorecidos pelas reformas e aqueles que ainda não conseguiram melhorar suas condições de vida desde o início da abertura econômica. É uma opção para manter a tranquilidade de um partido que precisa de crescimento e estabilidade para evitar um estado de convulsão social que ameaçaria sua proeminência política.
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