Thursday, April 22, 2010

397) Cambio na berlinda: pressoes sobre yuan da India e do Brasil

Brasil e Índia se unem em crítica ao yuan
Da Redação
Folha de S. Paulo, Quinta-feira, 22 de abril de 2010

A China está enfrentando uma pressão cada vez maior dos países emergentes para deixar a sua moeda (o yuan) se valorizar, uma ação que está criando aliados inesperados para os Estados Unidos na disputa diplomática contra a política cambial de Pequim.
Falando às vésperas do encontro de ministros das Finanças e de presidentes de bancos centrais do G20, que começa hoje em Washington, os comandantes dos BCs brasileiro e indiano fizeram as declarações mais fortes de seus países pela apreciação do yuan.
Ainda que a maior parte da pressão pública contra a China venha dos EUA, a declaração deles ressalta que uma série de países em desenvolvimento sente que o atrelamento do yuan ao dólar, que ocorreu em meados de 2008, tem imposto custos para suas economias.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que uma moeda chinesa mais forte é absolutamente crítica para o equilíbrio da economia mundial. Ele afirmou que existem algumas distorções nos mercados globais, uma delas é a falta de crescimento, a outra é a China.
Já o presidente do BC indiano, Duvvuri Subbarao, afirmou que um yuan desvalorizado cria problemas para os países, inclusive para a Índia.
Se a China reavaliar o yuan, isso terá um impacto positivo no nosso setor externo, disse. Se alguns países administram sua taxa cambial e a deixam artificialmente baixa, o peso do ajuste recai em alguns países que não administram a sua taxa cambial tão ativamente.
Algumas pessoas na China têm se protegido das críticas dos EUA contra o yuan forte ao dizer que isso é um modo de tirar a atenção das verdadeiras razões da crise financeira global. No entanto, não é tão fácil rebater as críticas de países em desenvolvimento. Se as economias ricas e emergentes estiverem unidas no pedido pela revalorização cambial, vai ficar mais difícil para desqualificar a manifestação, chamando-a de exemplo da arrogância de uma superpotência, afirmou Sebastian Mallaby, do Council on Foreign Relations.
O yuan desvalorizado prejudica as exportações de alguns emergentes, porém também ajudou na recuperação da China, que aumentou seu consumo de itens vindos de fora.

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O Bric já rachou
Clóvis Rossi
Folha de S. Paulo, Quinta-feira, 22 de abril de 2010

Não passou nem uma semana desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva proclamou, em Brasília, a unidade de ação do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e eis que dois de seus integrantes (Brasil e Índia) disparam sobre um terceiro (China).
Henrique de Campos Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil, diz que a valorização da moeda chinesa é absolutamente crítica para o equilíbrio da economia mundial.
Duvvuri Subbarao, o colega de Meirelles no Banco Central indiano, reforça: Se a China revalorizasse o yuan, teria um impacto positivo no nosso setor externo. (...) Se alguns países administram sua taxa de câmbio e a mantêm artificialmente baixa, o peso do ajuste cai em certos países que não administram sua taxa de câmbio tão ativamente.
Detalhe nada secundário: a manifestação de Subbarao é rigorosamente idêntica à de Timothy Geithner, o secretário norte-americano do Tesouro, mas não tem parentesco algum com o que se ouviu na cúpula do Bric.
Não se trata de minimizar o Bric. Países grandes, territorial e populacionalmente, são por definição candidatos a potências. Nem precisava a Goldman Sachs dizê-lo.
Trata-se apenas de não cair na fanfarra vazia que cerca o grupo, por enquanto apenas uma mesa de debates.
Prova-o a divergência em torno do câmbio. Meirelles aponta o yuan valorizado como uma das duas grandes distorções da economia global (a outra é o deficit de crescimento nos países ricos).
A moeda chinesa desvalorizada facilita exportações e dificulta importações, o que cria os problemas apontados pelo presidente do BC indiano e a distorção global citada por Meirelles.
É esse o ponto que tende a dominar a discussão econômica doravante, além da guerra entre a Casa Branca e Wall Street.

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