Meu ultimo post neste blog, feito ainda no Brasi, tem a data de 27 de novembro, e eu estava me preparando para partir para a China, justamente, onde estive entre 30 de novembro e 6 de dezembro, em Shanghai e Beijing.
Pois bem, para minha surpresa, fiquei completamente sem acesso a meus blogs durante todo esse período, e com muitas dificuldades para acessar vários outros sites, meus ou de terceiros.
Obviamente, eu sabia que a prática oficial é a de poderosos filtros para barrar o acesso de residentes na China a questões incômodas como Tibet, direitos humanos and the like...
Só não imaginava que os filtros eram tão poderosos a ponto de barrar qualquer acesso a blogs, de maneira geral, e a sites variados, sem que eu possa detectar alguma racionalidade na prática. Com efeito, por vezes consegui me conectar a algum site comercial -- bancos, por exemplo -- e outras vezes não, num arbítrio pouco uniforme ou homogêneo.
Com isso deixei de postar muitas observações ao vivo que eu poderia ter postado da China, enquanto lia, via, contactava pessoas e visitava lugares, o que agora não me é facultado fazer por absoluta falta de tempo (ainda estou fazendo pesquisas em Paris).
Bem, vou ter de pensar em maneiras de driblar a censura oficial quando viajar novamente para a China, o que requer softwares especializados e alguma expertise técnica (o que obviamente não tenho).
Temo que a censura se torne ainda mais poderosa e as barreiras ainda mais intrusiva por ocasião da Shanghai Expo 2010, quando previsivelmente defensores dos direitos humanos na China e da liberdade e autonomia do Tibet venham a aproveitar a oportunidade para divulgar pela mídia suas lutas respectivas.
Poucos países -- entre eles Cuba, Coréia do Norte, Mianmar, ou Birmânia, Siria e poucos outros -- exibem uma tal disposição censória e um tal controle extensivo sobre a internet como a China, cujos dirigentes não têm o menor problema moral (e sequer instâncias de controle independentes) para censurar, barrar, controlar, proibir, impedir, enfim, todas as formas de obstáculos à livre disposição dos meios de comunicação e ao acesso a fontes de informação.
Ainda estamos, nessa matéria, no despotismo oriental, ainda que as liberdades civis se tenham enormemente ampliado na China nos últimos anos.
Certamente não se trata mais de um Estado totalitário, sendo apenas autoritário e antidemocrático, mas em matéria de internet a ditadura é total...
Paulo Roberto de Almeida
Paris, 8 de dezembro de 2009
Olá Paulo,
ReplyDeleteInteressante teu post.
A censura na internet chinesa é interessante pois acredito que deve dar muito mais trabalho censurar do que "liberar" de uma vez.
Vamos aguardar a Shanghai Expo 2010, com certeza vai ser interessante mas, de alguma maneira, o PCC tem conseguido se manter bem nessas situações, vide Olimpíadas 2008.
Mas, de qualquer maneira, essa situação só irá mudar se os próprios chineses reclamaram e houve uma grande evolução inclusive nessa área de censura nos últimos anos sem dúvida.
Parabéns pelo blog.
Meu caro Luiz Barreto,
ReplyDeleteMuito grato pelo seu comentario. De fato, a censura chinesa está focada em temas, conceitos, problemas diversos, mas no caso de algumas empresas que se recusam a colaborar, a decisao é a de barrar tudo, o que ocorre com o Blogspot (ainda que a casa-mae, o Google, colabore inteiramente com a censura chinesa oficial).
Os chineses devem contornar os problemas via proxys virtuais, e o governo vai atrás. Creio que não liberam tudo de vez (pois os chineses já são muito mais livres hoje do que no passado) pois temem sempre manifestações descontroladas. Talvez depois da Shanghai Expo 2010 liberem mais um pouco.
O fato é que o governo deve ter muita mão-de-obra, por isso fica "barato" censurar: basta colocar o pessoal para trabalhar.
Também apreciei o seu blog sobre a Asia: http://giganteasia.blogspot.com/
Meus cumprimentos.
Paulo Roberto de Almeida