Partido Comunista Chines: uma analise critica

Literatura
Livro analisa Partido Comunista Chinês
Opinião e Notícia, 19/06/2010

Corrupção e dependência do exército geram tensões no governo do país

“The Party: The Secret World of China’s Communist Leaders”, de Richard McGregor, se propõe a debater duas importantes questões sobre o Partido Comunista Chinês. A primeira é como um partido responsável pela morte de cerca de 40 milhões de pessoas no período da Grande Fome conseguiu se manter no poder sem enfrentar nenhuma ameaça – com exceção dos protestos na Praça da Paz Celestial, em 1989. A segunda é porque ainda se considera um regime comunista, quando a China dos dias atuais se assemelha mais ao capitalismo selvagem da Inglaterra da era vitoriana do que a qualquer utopia igualitária.

A resposta da segunda questão é mais fácil. McGregor cita uma frase do administrador do Banco de Desenvolvimento da China, Chen Yuan: “Nós somos o Partido Comunista e nós decidimos o que o comunismo significa”. A determinação em se livrar da bagagem ideológica enquanto se mantém fiel aos princípios leninistas pode explicar a primeira questão. Mao-Tsé Tung, um comunista menos pragmático, ressaltava a missão do partido de “controlar contradições”. De acordo com McGregor, o sistema ainda depende do terror, mas esse terror já não é mais sinônimo do Partido.

O Partido Comunista sofre com a constante tensão de depender do exército para permanecer no poder. Isso levou a um aumento desenfreado nos salários dos generais e fez com que muitos se vissem como soldados profissionais, divididos entre a obrigação de defender o país e a de defender o partido. Protestos ocasionais surgem na imprensa, pedindo a despolitização e a nacionalização das forças armadas chinesas.

Há também um paradoxo no fato de os líderes chineses reconhecerem que a corrupção é a maior ameaça à sua autoridade, mas ao mesmo tempo apoiarem seu poder num sistema que a torna praticamente inevitável. De acordo com McGregor, uma campanha independente anticorrupção seria capaz de fazer toda a estrutura do partido desmoronar.

Fontes: Economist - The permanent party