Política
Investigação descobre conta de filho de Sarney
Opinião e Notícia, 7/03/2010
A família Sarney é alvo de mais um escândalo em 2010. Documentos enviados ao governo brasileiro por autoridades chinesas comprovam que o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), mantém uma conta corrente no exterior não declarada à Receita Federal. A conta, operada pessoalmente pelo empresário, estaria em um paraíso fiscal, em nome de uma offshore sediada no Caribe.
No começo de 2008, Fernando Sarney teria usado esse canal para realizar uma transferência no valor de US$ 1 milhão a uma agência do banco HSBC em Qingdao, na China. A autorização da transação teria sido assinada pelo empresário. A operação da Polícia Federal responsável pela descoberta foi a Faktor. O empresário foi indiciado por lavagem de dinheiro, fraude e formação de quadrilha.
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Governo acha dinheiro de filho de Sarney no exterior
Autoridades chinesas detectam conta em paraíso fiscal operada por Fernando Sarney
LEONARDO SOUZA
Folha de S.Paulo, 7 março 2010
Empresário, que cuida dos negócios da família, enviou US$ 1 milhão em 2008 para agência do HSBC na China sem declará-lo à Receita
BRASÍLIA: - O governo brasileiro obteve documentos que comprovam que o filho do presidente do Senado, José Sarney, movimentou dinheiro no exterior sem declará-lo à Receita Federal.
Autoridades da China informaram ao Ministério da Justiça que o empresário Fernando Sarney opera pessoalmente uma conta num paraíso fiscal, em nome de uma empresa "offshore" com sede no Caribe.
No começo de 2008, Fernando usou esse canal financeiro para transferir US$ 1 milhão para uma agência do banco HSBC em Qingdao, na China. A autorização da transação contém a assinatura dele.
Recursos no exterior não informados ao fisco podem ser fruto de sonegação de tributos, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Empresas da família Sarney, que vão de emissoras de rádio e TV a shopping center, são investigadas pela Receita e pela Polícia Federal sob acusação desses crimes.
A operação policial, que levava o nome de Boi Barrica e depois foi rebatizada de Faktor, já indiciou Fernando Sarney sob acusação de formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Ele nega as irregularidades.
A remessa para a China é alvo da Faktor. Em 2009, Fernando negou a movimentação em entrevista à Folha. Laudo enviado pelo governo chinês para o Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça contradiz a versão do empresário.
A partir de autorização assinada por Fernando, autoridades chinesas rastrearam a origem do dinheiro e confirmaram que os recursos foram creditados na conta da Prestige Cycle Parts & Accessories Limited (pelo nome, uma empresa de acessórios de bicicleta), conforme ordem bancária.
Os investigadores brasileiros ainda não sabem qual a finalidade desse depósito. Acordos multilaterais permitem ao governo solicitar bloqueio e a repatriação de recursos enviados ilegalmente para fora do país.
Procurado pela reportagem, Fernando disse que não se pronunciaria sobre o assunto por orientação de seus advogados, alegando que o inquérito policial está sob segredo de Justiça.
Conforme a Folha publicou em 2009, as empresas da família Sarney passam por uma devassa feita pela Receita, iniciada a partir do trabalho da PF. Os auditores detectaram indícios de crimes contra a ordem tributária, como remessa ilegal de recursos para o exterior, falsificação de contratos de câmbio e lavagem de dinheiro.
Segundo a reportagem apurou, não há nas declarações à Receita das pessoas físicas e jurídicas ligadas à família a menção a nenhuma conta corrente em paraíso fiscal no Caribe.
Durante a Faktor, a PF interceptou com autorização judicial e-mails de Fernando, seus familiares e amigos. Em várias dessas mensagens havia referências ao envio de US$ 1 milhão para a China. Foi numa delas, entre Ana Clara e Teresa Sarney, filha e mulher de Fernando, que a PF capturou a autorização assinada por ele.
Os policiais levantaram também indícios de que Fernando contava com a ajuda do empresário Gianfranco Perasso (chamado por ele de "China" ou "Chinaboy") para operar contas no exterior em seu nome.
Perasso é apontado pela Polícia Federal como integrante do esquema comandado por Fernando que teria desviado dinheiro de obras e projetos do governo federal
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