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Wednesday, January 20, 2010
201) Arquitetos questionam concurso para Expo Xangai 2010
Cidades Pulsantes, de Fernando Brandão
Nota prévia (em 28.01.2010): A matéria abaixo é antiga, e hoje totalmente superada. Alguns espíritos "estreitos" poderão julgar estranho que uma matéria controversa como esta seja novamente trazida a conhecimento mais amplo num blog que se ocupa de aspectos mais gerais do mundo asiático e da China em particular. A estes não devo nenhuma explicação, apenas, talvez, o fato de que esta informação está livremente disponível na internet (o que é óbvio), e que este meu blog recolhe todo e qualquer tipo de material informativo e analítico que possa apresentar relevância num processo de análise honesta de certas realidades.
Meu único critério de seleção, para que saibam todos é a da relevância. Meus únicos critérios de trabalho acadêmico são liberdade de informção e honestidade intelectual.
Ponto.
Paulo Roberto de Almeida (28.01.2010)
Arquitetos questionam concurso para Expo Xangai 2010
Da redação de Arquitetura e Urbanismo, 1/Junho/2009
Concorrência realizada pela Apex e AsBEA deu apenas dez dias para os concorrentes produzirem o projeto de ideias e teria restringido participantes
Dez dias. Esse foi o tempo que os três escritórios finalistas tiveram para desenvolver o projeto de ideias do pavilhão do Brasil em Xangai. O tempo exíguo chama a atenção, assim como o processo de organização do concurso, realizado pela AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura). "Deveria ter sido mais transparente", opina Danilo Matoso Macedo, arquiteto e coordenador do Docomomo Brasília.
"Fazer projeto em dez dias é algo quase acintoso, assim como fazer um concurso tão importante a portas fechadas. Não vou entrar no mérito da qualidade do projeto vencedor, mas não é assim que se devem encaminhar questões como essa. Trata-se de representar nosso país, expor o que temos de melhor. Assim, o formato do concurso me parece totalmente incompatível com a relevância do tema - há um problema de briefing e de procedimento", contesta Lourenço Gimenes, arquiteto do escritório FGMF. "No Brasil, infelizmente, arquitetura continua sendo tratado como um acidente de percurso, um problema a ser resolvido - e não parte da solução", conclui Lourenço.
Procurada pela AU para explicar sobre o processo do concurso e o tempo exíguo, a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) diz não querer falar ainda sobre o assunto, que só terá informações no final desta semana e que ainda não reconhece o projeto divulgado como o representante do Brasil. Ainda que Fernando Brandão - o vencedor do concurso, segundo divulgado pela AsBEA e apurado por AU - tenha ido à China no final de maio para apresentar o projeto ao comitê técnico, como divulgado na página oficial da Expo Xangai.
"A crítica, sempre, é pela falta de concursos", argumenta Danilo. "É essa a crítica em relação ao Teatro da Dança em São Paulo e em relação à contratação dos projetos para os estádios para a Copa. Se houvesse uma graduação, a solução do concurso interno na AsBEA foi menos pior", diz. "O problema é o modo com que a administração pública contrata os projetos de arquitetura", conclui.
O processo do concurso
De acordo com Fernando Pinheiro, vice-presidente da AsBEA, o convite para participar do concurso foi enviado aos 65 escritórios associados que aderiram ao Convênio de Cooperação, um projeto entre a AsBEA e a Apex para desenvolver uma cultura exportadora no setor de arquitetura. "Dos 65 escritórios convidados, dez manifestaram-se interessados em participar do processo, com três finalistas apresentando propostas de ideias e portfólio", explica Pinheiro.
Os arquitetos finalistas contam que o convite foi enviado cerca de um mês antes da reunião com a Apex, que organiza a presença brasileira em Xangai. Após a reunião, os três finalistas tiveram dez dias para apresentar o projeto de ideias.
"Na reunião com a Apex foram discutidos o escopo e as exigências, como os temas a serem expostos, ligados ao Ministério das Cidades, ao PAC, à urbanização. Além disso, pedia-se um local com área em que se pudesse fazer apresentação de jogos de vôlei", conta Ana Cristina Bertozzi, da Nexo Arquitetura, um dos escritórios finalistas, ao lado da Tria Arquitetura e de Fernando Brandão. "É um programa complexo. Pediram, por exemplo, um auditório que coubesse de 400 a 700 pessoas", explica Klaus Bohne , da Tria Arquitetura. O programa ainda pedia um restaurante.
O projeto foi realizado em cima de um pavilhão-padrão retangular de 2 mil m², que os organizadores da exposição alugam aos países que escolhem não construir uma edificação própria em terrenos determinados.
Histórico do Brasil nas exposições internacionais
Há tempos o Brasil não participava de uma Expo com um pavilhão próprio - mais exatamente desde 1970, quando Paulo Mendes da Rocha fez o pavilhão em Osaka. Durante 40 anos, dividimos pavilhões-padrão com outros países, como na última Expo, em Zaragoza, ou até mesmo quando se fez um concurso: em 1992, apesar de ter havido um concurso com projeto de Alvaro Puntoni, Angelo Bucci e José Oswaldo Vilela, decidiu-se não construir um pavilhão e dividir um com outros países. Em 2010, em Xangai, finalmente o Brasil voltará a ter o seu.
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