China toma mercados do Brasil
Marta Nogueira
Jornal do Brasil, 12.01.2010
Depois de se consagrar no posto de maior exportadora do mundo, a China está tomando espaço do Brasil no Comércio Exterior. Os produtos chineses, dentre eles ferro fundido, máquinas e aço, invadiram os mercados dos principais países que comercializam com o Brasil, como os Estados Unidos, México e Argentina, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A participação dos produtos brasileiros nas importações norteamericanas, de outubro de 2008 a setembro do ano passado, se manteve na casa de 1,38%, praticamente a mesma de 2001, revelaram dados da CNI. Enquanto isso, a presença chinesa avançou para 18,82% no mesmo período, dez pontos percentuais a mais do que os 8,64% registrados em 2001. Os chineses ganharam nos setores de produtos químicos, caldeiras, máquinas, plásticos e alumínio.
Para especialistas, o Brasil não tem uma política de incentivo à exportação eficaz o que o coloca em uma posição de desvantagem perante os concorrentes.
O professor de Economia Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de São Paulo, Ernesto Lozardo, afirma que é necessário que o governo se empenhe para mudar esta realidade.
– Nesta competição, o Brasil perde com impostos excessivos e por não ter uma política forte de apoio à exportação – Declarou Lozardo. – A tributação que as empresas exportadoras brasileiras precisam pagar é muito alta, e a infraestrutura existente não favorece.
Lozardo ressalta que o país é um grande exportador de commodities, ao contrário da China que vende mais produtos industrializados, com maior valor agregado. Neste contexto, acaba lucrando muito menos com suas vendas do que o concorrente.
– A realidade da China também favorece este resultado. Ela tem mantido uma taxa de câmbio desvalorizada, e o governo tem total controle da abertura econômica. É tudo muito bem articulado com qualidade e competição – completou.
Nas exportações à Argentina, a participação do Brasil recuou de 35,84% em 2005 para 29,9% no acumulado de outubro de 2008 a setembro de 2009.
Em igual período, a fatia dos produtos chineses cresceu de 4,93% para 12,4%.
Já no México não foi diferente, a participação dos produtos brasileiros caiu de 1,78% nos 12 meses terminados em agosto de 2008 para 1,60% em 2009.
No mesmo período, a presença chinesa aumentou de 10,98% para 12,91%.
Incentivos O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, anunciou, no último dia 6, a ampliação do alcance do regime de drawback – que isenta exportadoras do pagamento de tributos incidentes sobre a compra de insumos. As médias empresas exportadoras serão as principais beneficiadas pela medida.
Segundo o advogado e sócio do escritório Dannemann Siemsen, especialistas em exportação, Daniel Mariz Gudiño, apesar dos incentivos às exportações receberem uma série de ampliações, os resultados são ainda insuficientes para manter o Brasil em uma posição favorável no comércio internacional.
– Evoluímos ao longo dos últimos anos, mas os resultados são ainda pequenos – disse.
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