O lado verde da China
Carlos Albuquerque
O Globo, 30/10/2009
País deve cumprir a promessa de ter 15% de energia limpa até 2020
Maior poluidora do planeta, a China começa a responder as acusações de que tem trabalhado pouco para reduzir as suas emissões de gases causadores do efeito estufa.
Um relatório divulgado ontem pelo World Resources Institute (WRI), um centro internacional de pesquisas, afirma que o país tem feito mais para combater as mudanças climáticas do que os Estados Unidos, historicamente o maior poluidor do mundo.
Segundo o estudo, a China está no caminho certo de cumprir a promessa de ter 15% de sua energia limpa - ou seja, obtida a partir de fontes renováveis - até 2020.
Até o final da próxima década, o gigante asiático vai gerar 150 gigawatts a partir de fontes eólicas, cinco vezes mais do que os EUA.
Essa tinha sido uma das promessas feitas pelos negociadores do país, durante uma reunião sobre o clima, realizada na sede da ONU, em Nova York, em setembro. As outras promessas chinesas foram reduzir "notavelmente" as emissões de CO2 do país, plantar mais árvores e trabalhar para ter uma economia mais verde.
Minc vai à reunião de emergência
O relatório afirma também que as usinas de carvão chinesas - principal fonte de energia do país - são mais eficientes (ou seja, poluem menos) do que as americanas.
- A China está fazendo notáveis progressos no sentido de reduzir as suas emissões - afirma Deborah Seligsohn, autora do estudo. - O desafio tanto da China quanto dos EUA é entender suas necessidades e descobrir soluções criativas para enfrentar o aquecimento.
A indecisão americana tem sido apontada como um dos grandes nós das negociações que vão acontecer na reunião de cúpula da ONU, em dezembro, em Copenhague, quando o mundo vai tentar acertar um novo acordo climático para suceder o Protocolo de Kioto, que expira em 2012.
Para evitar que o encontro seja um fracasso, como previu recentemente Yvo De Boer, o diplomata holandês que chefia as negociações sobre clima nas Nações Unidas, ministros do meio ambiente de vários países fizeram uma reunião de emergência em Barcelona. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse que a reunião foi convocada pelo governo da Dinamarca.
- Essa é, de fato, uma reunião de emergência, de última hora, na qual vamos tentar resolver algumas das questões cruciais para as negociações de dezembro.
Segundo Minc, entre esses temas, estão a forma como vão ser distribuídos os fundos globais para o combate às mudanças climáticas.
- Os países mais pobres temem, com razão, que apenas os emergentes mais fortes, como Brasil, Índia e China, recebam os recursos dos países ricos. Mas são estes os que mais contribuem para o aquecimento global. É complicado.
O ministro disse também ter ficado impressionado com uma reivindicação feita no encontro por essas nações.
- Os países insulares querem que o mundo negocie um limite de elevação das temperaturas, até o fim do século, de 1,5 grau Celsius, em vez de 2 graus, como tem sido feito até agora. Para eles, esse valor já é considerado catastrófico.
Só que o limite de 2 graus tem grandes chances de ser ultrapassado até o fim do século, como dizem os cientistas.
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